quarta-feira, 28 de abril de 2010

ANIMAIS INCOMPREENDIDOS - PARTE 2

O SAPO
 
Há pouco tempo atrás, nas proximidades da minha casa, deparei-me com um sapo. Como de costume agarrei-o pelas patas traseiras e imediatamente tomei o rumo da beira do rio. Talvez, uma atitude estranha da minha parte, mas achei que ali no meio do passeio aquele sapo seria alvo fácil da agressão das pessoas, já que se trata de um animal muito incompreendido.  
 
Baixinho, feio, barrigudo, pele feia, não sabe andar! “Nossa, aquele bicho é nojento!!!” Mas ninguém se lembra que ele é muito útil e importante no equilíbrio da natureza, justamente por ser um devorador de insetos, como moscas, mosquitos, formigas, cupins, besouros, gafanhotos, baratas... Alguns pesquisadores acreditam que apenas um sapo-cururu (Rhinella icterica), com quem topei, coma 5.000 insetos por semana! Aliás, não faz mal a ninguém! Pra falar a verdade não passa de um coitado! Quanto a sua fama, tudo “invencionices” e preconceito! O duro é desfazer a imagem negativa do sapo: "Engolir sapo", é ouvir desaforo sem reagir. Ah, tem festa no céu, sapo não entra!
 
Algumas espécies, como o sapo-cururu, possui hábitos domésticos, convivendo nos sítios e fazendas, e também em cidades, onde as luzes dos postes e das casas atraem maior quantidade de insetos. Eles não vivem somente no brejo, nas lagoas ou beira de rios, algumas espécies habitam terrenos secos ou então em florestas ampliando o seu campo de atuação no controle de insetos. Além do mais, realizam um trabalho em conjunto de limpeza em revezamento de turno com as aves, enquanto estas se recolhem os sapos deixam o esconderijo para se aplicarem a caça.
 
Mas me parece longe ainda o dia em que o pobre do sapo terá reconhecido o seu papel. Têm idiotas que os chutam para longe, como se fossem bolas de futebol. Ou os fazem fumar cigarro até estourar! O cara tá de carro faz questão de esmagar o sapo no meio da rua, tirando onda ainda com os colegas! Isso não é tudo, o uso exagerado de agrotóxicos está envenenando esses bichos juntamente com as rãs e pererecas!  
 
Não molestem, não matem os sapos!!! Eles não fazem mal a ninguém, são inofensivos. Deixem que cantem no brejo, ou em qualquer lugar que seja! Aliás, estão acabando com as áreas de brejo das cidades! Mas isso é tema pra outra conversa.

Fernando Carvalho da Rosa - Biólogo

Sapo-cururu (Rhinella icterica)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

2° Fórum de Integração de Entidades Ambientalistas - Projeto "De Olho nos Olhos"

O GEPB participou ontem, dia 21 de Abril, em Brazópolis-MG, do 2° Fórum de Integração de Entidades Ambientalistas, como parte do projeto "De Olho nos Olhos" de nossos amigos e parceiros do Grupo Dispersores (http://www.dispersores.org/).
O evento foi de grande valia para o fortalecimento das entidades envolvidas com a questão ambiental na nossa região. Pode ser o início de um grande trabalho em conjunto daqueles que lutam pela preservação dos recursos naturais.


A idéia deve ganhar força de agora em diante, aumentando cada vez mais a união de todos em torno das aspirações comuns.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Segue um trecho da canção "O Sal da Terra", de Beto Guedes e Ronaldo Bastos.

"Vamos precisar de todo mundo
Um mais um é sempre mais que dois
Prá melhor juntar as nossas forças
É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
Para merecer quem vem depois...

Deixa nascer, o amor
Deixa fluir, o amor
Deixa crescer, o amor
Deixa viver, o amor
O sal da terra"

Pensando em juntar as forças, estaremos presentes no 2° Fórum de Integração de Entidades Ambientalistas do projeto "De Olho nos Olhos".


domingo, 18 de abril de 2010

Perdas

Menina, você é muito à toa.
Preciso lhe falar antes que os galos cantem.
A árvore se despediu, o vento deu um nó.
Três meninas gritaram na lata,
Jogaram a vassoura contra o relógio.
Corra menina, corra.
Antes que os ecos se percam.


Mulher você é tão afim.
Rápido os galos já cantam.
A árvore não está aqui, o ar anda tão sujo!
Três mulheres ouviram o apelo,
Mas varreram o tempo pra longe.
Corra mulher, corra.
Antes que o mundo se perca.


Senhora, você é tão à parte.
Os galos já estão bem longe.
Algo novo já surge, o ar lentamente se vai.
Três senhoras morreram há pouco,
Já foi o tempo que tinham.
Corra senhora, corra.
Antes que você se perca.


Vida, você é tão difícil.
Eu queria lhe falar dos bichos.
Um prédio se ergue, o ar é tão pouco!
Três vezes até tentei.
O tempo não volta mais.
Corra vida, fuja.
Que eu já me perdi.

João Paulo - Biólogo GEPB

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Amigo não é coisa pra se guardar... é pra se usar!

Na vida as pessoas se conhecem e fazem amizade, pelas semelhanças e apesar das diferenças. E às vezes essas semelhanças são tão profundas que chegam ao fundo do coração. Estas amizades, sim, se reforçam com o tempo que não as endurecem como raízes velhas, mas as renovam sempre mais profundamente. Aqui a saudade não é a vontade de viver o passado, e sim a força de alegrar o presente, mesmo quando os encontros não são tão freqüentes. Isto é uma amizade sagrada como a Natureza, dona da vida. Uma amizade regada pelo tempo.


Lico

Montanhismo e seu merecido reconhecimento


Aproveitando pra repassar uma informação de nossos parceiros do blog do CMI (http://clubemontesitajubense.blogspot.com/)


Esse projeto lei reconhece o montanhismo como atividade de valor cultural e esportivo para o Estado de Minas Gerais.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

ANIMAIS INCOMPREENDIDOS - PARTE 1

Olá!

Hoje, dia 12/04/2010, lançamos em nosso blog uma sequência de colunas de autoria de nossos associados. Publicaremos textos de diversos assuntos relacionados ao meio ambiente e sua preservação. Mais uma maneira de mostrar a todos como é fácil e divertido viver em harmonia com a natureza e utilizar de maneira sustentável seus recursos.
A coluna de estréia, "Animais incompreendidos", é de nosso colaborador, Fernando Carvalho da Rosa.

O GAMBÁ

Semana passada, me deparei com uma situação que, ao meu modo de ver, é bem pertinente, mas que infelizmente passa despercebida pela maioria das pessoas.

Fui à casa de um amigo e ele me dizia que havia visto um gambá atravessando o muro de sua casa. Imediatamente ele apanhou uma pedra e jogou em direção ao bicho com o intuito de afugentá-lo.

Questionei com ele o porquê desta atitude hostil contra o animal e ele, por sua vez, me disse que tinha medo que o gambá entrasse dentro de sua casa já que gambá e rato são a mesma coisa, que assim como os ratos viviam nos esgotos e nos transmitiam doenças. Isso na cabeça dele! Que fique bem claro!

Fiquei assustado ao ouvi-lo, pois percebi o quanto a população é desinformada e carente de educação ambiental.
O gambá é um marsupial (provido de bolsa onde se processa grande parte do desenvolvimento dos filhotes) não um roedor. Pertence a família Didelphidae que engloba também as cuícas e catitas, onde nosso representante mais comum é o gambá-de-orelhas-pretas (Didelphis aurita), muito comum nas cidades. A outra espécie comum, o gambá-de-orelhas-brancas (Didelphis albiventris) é mais evidente nas matas. Animal topo de cadeia alimentar entre os pequenos mamíferos controla de certa forma a população de ratos no meio urbano. Além disso, comem insetos, controlando também as populações destes além de serem excelentes dispersores de sementes. São importantes, inclusive, regeneradores de áreas florestais degradadas.

São noturnos, podendo ser encontrados em árvores ou mesmo em forros de casa. Não a ponto de topar com um dentro de casa, caso raro!
Então, antes de alguém atirar uma pedra nesse bicho feio e asqueroso, achando que é um ratão lembrem-se da importância desse cara para o ambiente urbano. Até porque também o gambá não faz mal pra ninguém. Sendo assim, vem a importância da educação ambiental para que não cometamos mais injustiças e caminharmos para um mundo mais sustentável respeitando e entendendo o papel de cada ser na natureza, até mesmo em ambientes urbanos.

Gambá-de-orelhas-pretas (Didelphis aurita)

Gambá-de-orelhas-brancas (Didelphis albiventris)


Fernando Carvalho da Rosa - Biólogo